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Posse de Moraes é nova carta pela democracia. Por Fernando Brito

Os ex-presidentes Temer, Lula, Sarney e Dilma ficam lado a lado na primeira fila durante a posse de Moraes no TSE. O presidente Jair Bolsonaro sentou-se à frente deles — Foto: Antônio Augusto/Secom/TSE

Por Fernando Brito

Bem que Jair Bolsonaro tentou criar um factoide para amesquinhar a posse de Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral levando a tiracolo à solenidade o seu filho Carlos, o Carluxo, operador de sua rede de fake news e símbolo do discurso de ódio que imprime às redes sociais.

Será, no máximo, uma nota de rodapé, ainda que não tenha tido nem o pudor de tuitar, em nome do pais, enquanto se desenrolava a cerimônia.

Porque o ato, com todas as enfadonhas citações das listas de autoridades, teve momentos tão fortes que lhe deram a grandeza de ser, de certa forma, uma nova leitura da Carta aos Brasileiros e Brasileiras pelo Estado de Direito, lida há uma semana na USP e em centenas de universidades e entidades Brasil afora.

A defesa do sistema eletrônico de votação e a defesa do papel do Tribunal em coibir o discurso de ódio e a divulgação de mentiras e ataques á honra pela internet feitas pelo novo presidente do TSE mereceram aplausos de pé da plateia – coisa inédita em solenidades deste tipo – deixando em situação de desconforto um solitário e inerte Jair Bolsonaro.

O atual presidente saiu acachapado da cerimônia e era visível o seu constrangimento ao ser cumprimentado, com um misto de formalidade e piedade pelos integrantes da mesa.

Os conselheiros que o levaram a aceitar o convite para a posse de Moraes estão, é quase uma certeza, amaldiçoados neste momento, pela humilhação a que, com toda a gentileza e honras institucionais, Bolsonaro foi submetido.

O discurso do ministro-presidente não foi “de esquerda”, como não foi, também, a carta que mobilizou o país. Mas a conexão entre democracia, respeito às eleições, busca pela justiça social e pelo direitos básicos do cidadão foram o suficiente para que a fala de Alexandre de Moraes soasse como oposição ao atual presidente.

Resta saber como Bolsonaro reagirá às duas lambadas consecutivas: a pesquisa do Ipec e a humilhação moral – pública e sem grosserias – do ato de hoje no TSE.

Se me permitem o óbvio: o discurso agressivo, impulsionado pelo recalque, vai ser a sua resposta.

Texto originalmente publicado em TIJOLAÇO

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