Há um livro que junta toda a prosa escrita por Eugénio de Andrade, e lê-lo ilumina não só a produção poética, complementando-a, como também redesenha o mapa das suas relações literárias
Alguns dos nossos melhores poetas são prosadores. Não porque as prosas sejam superiores aos versos, mas porque em determinados textos em prosa as poéticas autorais se concretizam de modo mais nítido e feliz. Os testemunhos, prefácios, entrevistas e discursos reunidos em “Os Afluentes do Silêncio” (1968), “Rosto Precário” (1979) e “À Sombra da Memória” (1993) são disso bom exemplo. Se Eugénio de Andrade fez sempre questão de se apresentar como o poeta do despojamento e da justeza, houve colectâneas de poemas (não muitas, é certo) em que isso se tornou menos evidente, em parte pelo efeito de reiteração, em contraste com a perfeição estilística destes conjuntos de prosas (o facto de serem três, e não 30, ajuda).
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