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Ana Jotta empurra-nos a memória para associações inesperadas. Vêm da música, da pintura, do design gráfico ou da vida comum

Ouvimos o título “September Song” e vem-nos imediatamente à cabeça o clássico de Kurt Weil a quem cada um atribuirá mentalmente um rosto e uma voz, de tanto que foi cantada. O que descobrimos na galeria Miguel Nabinho não trai essa referência nem a própria ideia de que um dos fios condutores da obra de Jotta é o de nos empurrar a memória para associações inesperadas venham elas da música, da pintura, do design gráfico ou, simplesmente, da vida comum.

Diante de nós estão 11 ecrãs de projeção (são, afinal, 12, porque uma é pintada dos dois lados) que, por momentos, nos dão a impressão de passearmos numa rua de Tóquio num dia chuvoso com um cortejo de chapéus de chuva japoneses. Cada um deles é uma variação a partir de uma gravura japonesa do século XIX, mas vistos assim parecem aspetos retirados de uma paisagem maior. Uma das vistas mais privilegiadas da exposição é precisamente a que a contempla a partir da entrada com a sua visão de conjunto. Mas no chão encontramos a irregularidade de planos e profundidades e uma sugestão de movimento que se alarga depois quando caminhamos entre os ecrãs olhando as subtilezas dos pingos pintados a acrílico caindo sobre os chapéus e os vultos anónimos e monocromáticos que os seguram. Estas imagens dinâmicas, graciosamente estilizadas, jogam precisamente com a expectativa da semelhança e da pequena variação para fixar a nossa atenção e nessa constância introduzir ligeiras gradações como se caminhássemos dentro de um filme 3D. Ana Jotta é conhecida por possuir uma sensibilidade artística que comporta uma certa irrequietude ‘pop’, mas nesta exposição, mesmo citando na folha de sala os dançáveis Earth, Wind and Fire, reconhecemos subtilmente encenada a atmosfera outonal que nos aguarda.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.

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