Evidenciando mais uma vez indiferença à enorme tragédia que a Covid-19 está a provocar no Brasil, onde já matou mais de 255 mil pessoas, o presidente do país, Jair Bolsonaro, promoveu esta terça-feira em Brasília uma grande festança no Palácio da Alvorada, a residência oficial do presidente brasileiro. Nesse dia, o Brasil bateu recorde de pessoas mortas pela Covid-19 desde o início da pandemia, registando assustadoras 1726 mortes em apenas 24 horas.
O almoço foi à base de leitão assado, linguicinha caseira e feijão troupeiro, uma especialidade das regiões mais interioranas do Brasil. Bolsonaro reuniu, em pleno horário de trabalho, dezenas de aliados, entre eles o deputado Fábio Ramalho, encarregado de comandar a preparação da refeição, e o governador Romeu Zuma, do estado de Minas Gerais.
Como se nada estivesse a acontecer, muito menos uma pandemia devastadora e sem controlo, Jair Bolsonaro, normalmente irritado e truculento, mostrou-se surpreendentemente bem disposto, alegre mesmo. O próprio deputado Fábio Ramalho descreveu o estado de Bolsonaro no almoço como "descontraído" e "muito divertido".Enquanto o presidente negacionista e os seus convidados, a esmagadora maioria sem máscara nem qualquer distanciamento, devoravam as delícias servidas no almoço e pagas com verba pública, 19 governadores de estado sem acesso ao presidente reuniam-se por videoconferência para tratarem de assuntos da vida real, tentando conjugar esforços para uma resposta comum articulada à nova explosão de casos graves de Covid-19 que assola o Brasil desde o início deste ano e está a colapsar hospitais públicos e particulares por todo o país. A última vez que Jair Bolsonaro aceitou receber os governadores dos 27 estados brasileiros para discutir ações contra a pandemia do coronavírus foi há 282 dias.