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Carolina junta fotografia e bordado para mostrar o desgaste de ser trabalhadora-estudante

Fotografia e bordado: duas artes que não costumamos ver juntas. Mas é isso que Carolina Marques, uma “artesã autodidacta” de 27 anos, pretende dar a conhecer com a reportagem fotográfica A Cor da Cinzenta Rotina: um trabalho que envolve várias horas a bordar linhas ou outras figuras em fotografias a preto e branco, para transmitir a “frustração de não ter tempo” e o “desgaste a nível físico e psicológico” de que é ser trabalhador-estudante em Portugal. Uma realidade não da vida de Carolina, mas de Mónica, a amiga que foi fotografada em viagens de comboio ou em momentos de descanso em casa — para retratar "as consequências de dividir a vida entre o trabalho e a faculdade", aponta Carolina em conversa com o P3.

Este já era um hobby na vida de Carolina, que tem uma conta no Instagram onde expõe as memórias das pessoas através do bordado. Mas sempre sentiu que podia ir mais longe com estas duas artes. Decidiu, então, fazer o oposto do que sempre faz e, em vez de o bordado ser o ponto principal, decidiu que seria a fotografia, complementada com elementos em bordado.

Este não foi um trabalho fácil de desenvolver. “Demorei muitas horas a bordar as fotografias e nem sempre corria bem à primeira tentativa; tinha de refazer. São movimentos muito repetitivos, furar no papel, bordar, passar a linha. Mas normalmente quando fotografo já tenho uma ideia do que quero bordar, o que ajuda. Já fotografo num determinado plano ou posição, com determinada luz ou sombra, porque já sei o que quero bordar naquele espaço. Depois, tenho de revelar a fotografia, fazer o desenho e, com o papel vegetal, traçar esse desenho, picotar o papel, escolher as cores, o tipo de ponto e as linhas que quero utilizar. No fim, é só bordar e fotografar a fotografia”, descreve Carolina.

A paixão pelo bordado nasceu depois de encontrar ideias para “prendas sustentáveis” para oferecer à família na época natalícia. “Na altura, a minha mãe, que era costureira, deu-me alguns conhecimentos de como se fazia o bordado antigamente, mas depois percebi que existiam mais pontos para além dos básicos, mergulhei no mundo da internet e procurei aprender mais sobre bordados.” Acabou por juntar este interesse a um outro já existente, a fotografia. “Apesar de ser de forma amadora, gostava de fotografar o mundo como o via, numa perspectiva meio ridícula e diferente”, menciona a jovem, acrescentando que foi dessa forma de ver o mundo que nasceu a reportagem fotográfica A Cor da Cinzenta Rotina.

A jovem quer dar continuidade e “mais destaque a este tipo de projectos fotográficos”, pois é “algo que não é muito comum”. Mais ainda, diz sentir-se realizada a “pensar e a imaginar o que vai desenhar por cima da fotografia”, ou a perceber que sentimentos quer transmitir com as cores e os desenhos escolhidos. “As pessoas identificam-se com o que estou a criar e a partilhar”, acredita. “Não é, de todo, o último projecto que quero lançar.”

Texto editado por Mariana Durães

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