Em abril, esperava-se para junho. Em junho, apontou-se para julho. Em julho, agosto era o objetivo. Em agosto, passou a ser setembro e agora que setembro terminou é outubro o novo prazo.
“A Reditus SGPS, SA. informa que se encontra impossibilitada de cumprir o prazo para a publicação dos seus documentos de prestação de contas individuais e consolidadas, estimando – em função dos elementos atualmente disponíveis - que essa publicação seja concretizada durante o mês de outubro de 2022”, segundo o documento publicado na Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) no dia 30 de setembro.
A empresa de tecnologia que presta também serviços de call center diz que vive “constrangimentos”, que não permitem a divulgação das contas de 2021. “Estando os auditores com acesso limitado às instalações e às rotinas de validação da informação, alertou então a administração da Reditus que estava a ser particularmente moroso proceder ao encerramento das demonstrações financeiras, e, aos auditores, consequentemente, a finalização das auditorias”, explica a instituição, continuando a apontar para o “contexto pandémico” como justificação para as “perturbações significativas” que impedem a conclusão do fecho e divulgação de documentos.
Inicialmente, a empresa apontava para uma “situação de pandemia covid-19 que envolveu, não só a equipa de relato financeiro, mas também a equipa de auditoria”.
Os documentos de prestação de contas anuais devem ser publicados no prazo de quatro meses a contar da data de encerramento dos anos a que dizem respeito.
A divulgação de informação sobre as contas anuais é obrigatória e tem de cumprir prazos, sendo que o incumprimento pode determinar um processo contraordenacional. Ainda recentemente isso aconteceu, com a Orey Antunes a ser alvo de uma coima de 75 mil euros, ainda que suspensa na sua execução.
Economia
No primeiro semestre do ano de 2021, a Reditus tinha reexpresso as suas contas, ao registar uma imparidade adicional sobre os créditos de clientes de fora da União Europeia. Em junho de 2021, a empresa teve um lucro de 65 mil euros, sendo que há anos que se encontra sob uma reestruturação financeira para reduzir o seu passivo – e participadas sob processos especiais de revitalização. O Novo Banco, Efisa (Estado), Banco Montepio, BCP e Abanca são os bancos com que a empresa tem de negociar.
A Reditus tem Miguel Pais do Amaral como principal acionista, com 25% (foi seu presidente até 2018), tendo outros sócios com posições mais pequenas (a Urcom, da família Moreira Rato, com 10%, por exemplo). O BCP tem 4,3% do capital (o banco cortou a metade a sua anterior participação em 2021, mas já teve uma posição ainda maior). Tem havido alterações acionistas, com a saída de alguns dos históricos nomes ligados à empresa.