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Escócia é o primeiro país a distribuir tampões e pensos higiénicos gratuitamente

Produtos menstruais femininos, como tampões e pensos higiénicos, vão passar a ser distribuídos de forma gratuita pela população feminina na Escócia, tornando o país no primeiro a avançar com esta medida.

Num esforço para acabar com a pobreza menstrual, a partir desta semana vão ser distribuídos vários produtos menstruais femininos em locais públicos, como centros comunitários, farmácias e associações juvenis. A medida entra agora em vigor depois de ser aprovada por unanimidade em 2020.

Monica Lennon, deputada responsável pelo projecto de lei, reagiu na rede social Twitter: “Orgulhosa do que conseguimos na Escócia. Somos os primeiros, mas não seremos os últimos”, escreveu.

Esta iniciativa, de oferecer tampões e pensos higiénicos a pessoas que necessitem deles, surge no meio de um movimento global para combater a pobreza menstrual, que engloba as pessoas que não têm acesso a este tipo de produtos de higiene feminina devido aos seus elevados custos.

No ano passado, a Nova Zelândia anunciou que seriam oferecidos produtos de higiene feminina nas escolas, para responder ao receio de que as dificuldades de acesso a estes bens fizessem com que as jovens faltassem às aulas.

Também na capital da Coreia do Sul, Seul, em 2018 as autoridades começaram a distribuir gratuitamente produtos menstruais femininos em alguns edifícios públicos, após um protesto dar conta que jovens raparigas recorriam a soluções mais caseiras, como embrulhar lenços à volta de palmilhas de sapatos, para combater a falta de acesso a estes produtos.

Nos Estados Unidos, o Colorado terminou este mês com o imposto estatal sobre a venda de produtos de higiene feminina e fraldas. Esta medida foi também implementada noutros estados do país que decidiram reduzir e eliminar os impostos sobre produtos menstruais. Também a Grã-Bretanha, no ano passado, apostou na abolição do “imposto sobre tampões”, removendo o imposto sobre produtos sanitários.

De acordo com um estudo publicado no ano passado na Universidade George Mason, nos Estados Unidos, mais de 14% das mulheres universitárias experienciaram pobreza menstrual no ano passado e 10% admitiram senti-lo todos os meses. Este fenómeno afecta com mais frequência mulheres negras e latinas, revela o estudo.

Um outro artigo publicado no mês passado na revista Lancet Planetary Health revela que as alterações climáticas podem também estar a agravar a situação menstrual das mulheres em algumas zonas de África. O aumento das temperaturas, as ondas de calor e as cheias repentinas levaram ao fracasso das colheitas, provocando uma tensão financeira nas mulheres desta região.

Os especialistas alertam também para as consequências negativas que a pobreza menstrual pode acarretar. A utilização de alternativas a tampões e pensos higiénicos, como certos tecidos, pode significar sérios riscos para a saúde destas mulheres, aponta a revista Lancet Planetary Health. Também a troca de sexo por produtos menstruais a que muitas jovens se sujeitam pode aumentar o risco de contraírem doenças sexualmente transmissíveis.

A pandemia de covid-19 e o aumento do custo de vida fizeram aumentar a pobreza menstrual em muitas regiões do mundo. Sobre este fenómeno, Shona Robison, secretária de Estado da Justiça Social da Escócia, afirma: “Providenciar acesso a produtos menstruais de forma gratuita é fundamental para a igualdade e dignidade e remove as barreiras financeiras do acesso aos mesmos. Isto é mais importante do que nunca numa altura em que as pessoas estão a fazer escolhas difíceis devido à crise do custo de vida e nunca queremos que ninguém esteja na posição em que não possam aceder aos produtos menstruais”.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post