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Macron endurece discurso contra Mélenchon e pede “maioria forte e clara”

Com a esquerda a subir nas sondagens, o Presidente francês acusa “extremos” de quererem “somar uma crise à crise”. Já Mélenchon diz que o chefe de Estado revela “nervosismo” e quer induzir “pânico” nos eleitores.

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Macron aproveitou uma visita ao departamento de Tarn para arremeter contra o principal adversário da sua coligação Reuters/POOL

A campanha eleitoral para a primeira volta das legislativas francesas chega esta sexta-feira ao fim com Emmanuel Macron e Jean-Luc Mélenchon a fazerem marcação cerrada um ao outro, um pouco à semelhança do que projectam as sondagens.

De visita ao departamento de Tarn, no Sul do país, o Presidente endureceu o discurso contra a coligação de esquerda (NUPES). “Quero alertar os franceses para a importância da escolha que vão fazer”, disse Macron. “Dos equilíbrios que se desenharem na Assembleia depende o destino de França e da vida quotidiana de cada um”, afirmou.

Esta quinta-feira foi divulgada uma nova sondagem da Ipsos para a televisão e rádio públicas que coloca a NUPES com 28% das intenções de voto, à frente da coligação que apoia Macron (Juntos, com 27%). A projecção continua a prever uma maioria de deputados favorável ao Presidente, mas mais reduzida do que na anterior sondagem da mesma empresa – divulgada um dia antes.

No Tarn, o chefe de Estado pediu “uma maioria forte e clara” e investiu contra “os extremos” que “propõem somar uma crise à crise ao reverter as grandes escolhas históricas” de França e assim “fragilizar a unidade do país”. Macron referiu-se à “desordem geopolítica”, à “desordem climática” e à “desordem social e dos valores” para se apresentar como o garante da “coerência, competência e confiança” e arremeter contra “as alianças de circunstância, as ideias sacrificadas em troca de lugares”.

Mélenchon e a NUPES – constituída pelo França Insubmissa, o Partido Socialista, os Verdes e o Partido Comunista – eram os óbvios destinatários da mensagem.

Não foi preciso muito tempo para que o candidato de esquerda contra-atacasse. “Não compete ao Presidente da República conduzir a campanha legislativa que os seus amigos não são capazes de fazer”, criticou Mélenchon, acusando Macron de querer provocar “um efeito de pânico” nos eleitores.

O líder da NUPES diz que o chefe de Estado usa “pretextos” oficiais – como a inauguração de um dojo de judo, na quarta, ou o anúncio do reforço policial no Tarn, esta quinta – para lançar “todo o tipo de agressões inúteis” contra a sua candidatura, o que é um sinal de “nervosismo”.

Ao fim do dia, um grupo de “dezenas de economistas” (entre os quais Thomas Piketty e Julia Cagé) publicou um manifesto de apoio ao programa económico de Mélenchon no Le Journal du Dimanche. “O poder de Macron navega à vista”, escrevem, argumentando que “as empresas e os detentores de capital” têm “o pleno poder de definir o nosso modelo de desenvolvimento” e que isso criou “uma crise geral de governo que exige uma bifurcação”.