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“Requiem” da informação

O panorama informativo da Região está há muito tempo “adormecido” (as aspas são intencionais, pois, a verdade requereria um termo mais cru), com evidentes perda de qualidade prestada aos seus consumidores.

Há uns anos atrás, os dois principais títulos diários regionais, digladiavam-se um em frente ao outro na Rua Fernão de Ornelas. Um, por detrás das beatas vestes e odor a incenso, era alimentado por todos nós, o outro, o antigo “diário dos ingleses” atuava como uma espécie de contrapoder, com uma áurea de maior isenção, à medida que ia conhecendo dificuldades crescentes na hostilidade por parte do poder regional de então, assim como, uma cada vez maior exiguidade de publicidade pública nas suas páginas.

Ainda em finais da primeira década deste século, a cúpula do poder proibiu militantes do PSD de escorrer opinião nas páginas deste DIÁRIO. Houve inclusivamente um jovem imberbe militante, que pingava acne por onde passava, em que num gangue pueril em plena campanha, jurou em manada acéfala, “morte e fogo” ao DIÁRIO. Quis o destino que anos mais tarde, esse mesmo espírito disforme saísse escorraçado, sem honra nem glória, a “ranhar do focinho” em “prime-time” televisivo, reclamando o colo do seu endeusado guru.

Mas, apesar de toda essa ambiência, havia alguma pulsão em trazer a público parte do que era varrido para debaixo do tapete.

O jornalismo tal como outras áreas tem vindo a sofrer um “emagrecimento” com a aridez crescente das redações, com a exiguidade do mercado publicitário, bem como com as mudanças de mãos das suas estruturas acionistas. Se a informação é poder, nos ecossistemas pequenos como o nosso, aqui mais se verifica. A viabilidade económica pode ser reduzida, mas estrategicamente, é sempre uma vantagem ter a informação sob a trela. Não se pense que o problema é apanágio da Madeira. O panorama nacional não é melhor, e nem assim há tanto tempo, uma relevante parte da comunicação social nacional, deixou-se, tal como outros setores de atividade, instrumentalizar-se como uma lavandaria de dinheiro oriundo da cleptocracia angolana.

Neste momento, os dois principais jornais diários da região, têm na sua estrutura um mesmo grupo empresarial, com o pé nos dois títulos. Tal como outro grupo, com interesse nos média, que ao “desinglesar” a participação neste título (que me permite estas terapêuticas catarses), tem dois destacados quadros técnicos, quer na liderança da oposição, como num destacado lugar na maior autarquia da Madeira. Um pé em cada lado, é estratégico. As convicções há sempre quem as tenha.

A transumância de jornalistas da redação para gabinetes de comunicação, quer ao serviço do poder e do universo empresarial público, como também para a dita oposição da “alternativa”, entra-nos pela vista dentro, sem qualquer eufemístico anestésico. Há até exemplos de verdadeiros mercenários da comunicação que já serviram no mesmo cargo, distintas equipas autárquicas, com necessária cambalhota para medalha olímpica.

Vejamos o que sucede na RTP-Madeira: A perpetuação dos cargos altivos no canal da Levada do Cavalo, bem como a resistência à renovação dos seus quadros; atente-se à sublime “conversa de café” dum Dossier de Imprensa feito em circuito interno, onde os mesmos protagonistas de forma corporativa, retemperam conteúdos pseudoinformativos, moderados por uma entidade mais omnipresente que o Espírito Santo. Estaremos condenados a pagar também isso na conta da luz?

Muitos profissionais desta área culpam o advento das redes sociais, com a acusação do alfa e ómega diabólicos, da desinformação reinante. Será mesmo que é só isso que uma introspeção mais atenta revela?