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Voltaram e estão perdoados: os Beach House deram ao festival de Paredes de Coura o concerto mágico que deviam há 5 anos

Agosto de 2017. Os Beach House estão prestes a entrar em palco para a sua estreia debaixo das estrelas do céu de Paredes de Coura. Parecia ser a banda certa finalmente no lugar certo, mas os minutos passavam e nada de Victoria Legrand e Alex Scally. Reza a história que problemas técnicos acabariam por tardar a entrada em cena do grupo de Baltimore e, durante o espectáculo a 'magia' esteve ausente.

Agosto de 2022. Os Beach House estão prestes a entrar em palco para o seu segundo concerto debaixo das estrelas do céu de Paredes de Coura. E é, finalmente, a banda certa no lugar certo. À hora marcada (1 da madrugada, 45 minutos depois do término do vendaval IDLES), sem atrasos, o duo de teclista/vocalista e guitarrista (acrescido, em versão 'live', de um baterista, James Barone) ocupa a suas posições no escurinho do palco maior do Vodafone Paredes de Coura, nunca deixando que as luzes incidam sobre si, mas deixando a música falar com clareza e potencialidade encantatória.

Foi um concerto que só a distração compreensível no fim de uma longa jornada musical (a segunda da edição de 2022 do festival) poderá confundir com monotonia. É certo que a música que os Beach House verteram para uma generosa discografia de oito álbuns é feita maioritariamente da mesma matéria dream pop/shoegaze, concebida harmoniosamente entre os teclados melodiosos e sonhadores de Legrand e a guitarra aos pinguinhos de Scally. No limite - e não é que haja algo de errado nisso - é uma espécie de caixinha de música da qual não sai senão uma canção de embalar.

Só que são várias (e não é por acaso que o último álbum, "Once Twice Melody", só ele, tem 18). E essa sucessão - chamemos-lhe 'setlist', que é caso -, habilmente encaixada, faz milagres.

A alegria de Scally e Legrand é visível, pondo-se várias vezes em palavras: "feliz por estar aqui", "não há outro sítio onde quiséssemos estar agora a não ser aqui". Habituados que estamos ao galanteio, poderia parecer conversa fiada, mas conhecendo a frustração de 2017, é discurso de superação. Em entrevista à BLITZ, este ano, Scally enfatizou mesmo a necessidade de ajustar contas e dar a Coura o concerto que "este sítio tão bonito" merece.

À frente de um fundo de estrelas (estas, por uma vez, encenadas no 'background'), ouviram-se pérolas como 'PPP' (de "Depression Cherry", de 2015), 'Silver Soul' (de "Teen Dream", de 2010), 'Superstar' (de "Once Twice Melody", de 2022), 'Myth' (de "Bloom", de 2012) ou 'Lemon Glow' (de "7", de 2018), percorrendo-se com rigor os pontos cardeais da discografia.

Depois do 'mosh' dos IDLES, o público respondeu com ondulares de cabeças e olhos fechados. Os Beach House nunca se foram embora.