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Bolsonaro fala de milagres na cidade em que “renasceu”

O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, escolheu arrancar a campanha oficialmente em Juiz de Fora, cidade em que foi alvo de uma facada na campanha anterior, ou, nas suas palavras, local em que “renasceu”.

A primeira audiência que teve foi um grupo de religiosos, a quem falou de três milagres: o ter sobrevivido à facada, num ataque em 2018, o ter sido eleito, e o ter formado uma equipa de governo “sem aceitar pressões partidárias”. Depois, Bolsonaro voltou à avenida onde foi atacado na campanha anterior para discursar a apoiantes, acompanhado pela mulher, Michelle, e pelo ex-ministro da Defesa, general Braga Netto.

No seu discurso, Bolsonaro pôs um foco na religião – “vamos falar de política hoje, sim, para que amanhã ninguém nos proíba de acreditar em Deus”, continuando uma tentativa de apresentar o seu adversário como um candidato não cristão, nota a Folha de S. Paulo.

O Presidente também reclamou sucessos do seu Executivo, dizendo que a taxa desemprego vai descer e alegando mesmo que o seu ministro da Economia, Paulo Guedes, “merece o prémio Nobel”.

A escolha de Juiz de Fora por Bolsonaro não foi apenas simbólica, foi também parte de uma aposta da sua campanha no estado de Minas Gerais, que é o segundo maior colégio eleitoral do país, com mais de 16,2 milhões de eleitores. Juiz de Fora, a “Manchester mineira”, é a quarta maior cidade do estado.

Já Lula da Silva desistiu do que seria a primeira grande acção oficial da sua campanha na fábrica de metalurgia MWM na zona Sul de São Paulo, depois de a equipa da Polícia Federal que o acompanha falar em “opositores radicalizados e acesso a armas de letalidade ampliada”. A Polícia Federal pediu, no entanto, mais detalhes sobre os riscos antes de reforçar a segurança do antigo Presidente.

A campanha de Lula manteve, no entanto, uma visita do candidato à fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, na zona industrial do ABC paulista, onde o ex-Presidente começou o seu percurso político no Sindicato dos Metalúrgicos. “Foi aqui que tudo aconteceu na minha vida e foi por causa de vocês que eu acho que fui um bom Presidente da República”, disse Lula.

Depois de sublinhar a importância do local, escolhido para o arranque da campanha, Lula passou às promessas: no país que é “o terceiro produtor de alimentos do mundo não pode ter 33 milhões de pessoas a passar fome”, declarou, garantindo: "Eu vou voltar para que a gente recupere o país.” Não só a economia, mas a sua posição no mundo, para que o Brasil “seja de novo respeitado”.

“Possuído pelo demónio”​

Lula acusou ainda Bolsonaro de “mentir sete vezes ao dia”, de tentar "manipular a boa-fé de homens e mulheres evangélicos"​, e lembrou que foi o seu Governo que aprovou o dia de Jesus. Para Lula, o seu rival é “um fariseu”, e “está possuído pelo demónio”.

A vantagem de Lula sobre Bolsonaro nas sondagens para as eleições presidenciais de 2 de Outubro tem vindo a diminuir, no que se poderá dever ao aumento de verbas gastas em apoios sociais e nos limites à subida do preço do combustível. Um dos estados onde a vantagem de Lula se reduziu é precisamente em Minas Gerais, segundo o instituto de sondagens Quaest. Este instituto dá ainda o Presidente e o rival empatados em São Paulo, o maior estado em número de eleitores do país.

No entanto, a vantagem geral de Lula é grande e, segundo uma sondagem do IPEC (antigo Ibope) para a TV Globo, poderia ser obtida logo na primeira volta: Lula tem uma vantagem de 12 pontos percentuais sobre Bolsonaro, com 44% de apoio contra 32% na primeira volta (a margem de erro é de dois pontos percentuais) e, se concretizados, os seus 44% de intenções de voto contra os 41% dos rivais juntos permitiram uma vitória logo na primeira volta. Numa segunda volta, Lula teria 51% de votos contra 35% para Bolsonaro.

Na acção de campanha em Juiz de Fora, quem chamou as atenções foi, diz a Folha, a mulher de Bolsonaro, Michelle, que sem mencionar directamente os adversários do Presidente, falou num “inimigo”, que quer “matar e destruir”.

“Que Deus dê sabedoria e discernimento ao nosso povo brasileiro para que não entregue o nosso país, a nossa nação tão amada por Deus, nas mãos dos nossos inimigos”, declarou Michelle, muito aplaudida pela multidão.

As intervenções de Michelle Bolsonaro têm sido mais frequentes já que o actual Presidente tem aprovação especialmente baixa entre as mulheres, grupo em que Lula tem 46% das intenções de voto e Bolsonaro apenas 27%, segundo a sondagem do IPEC.