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Explosões e tiroteio no Burkina Faso causam receio de novo golpe de estado

Junta militar no poder desde Janeiro apela à calma e mobiliza soldados para as ruas da capital do país, Ouagadougou.

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Barricada militar junto ao Palácio Presidencial em Ouagadougou EPA/ASSANE OUEDRAOGO

A capital do Burkina Faso, Ouagadougou, foi esta sexta-feira palco de explosões e de tiroteio intenso, a que se seguiu uma grande presença militar nas ruas e a suspensão das emissões da rede pública de televisão, suscitando especulações sobre um possível motim ou um golpe de estado.

Fontes governamentais citadas pela rede de televisão britânica BBC falaram de um motim e indicaram que as autoridades estavam a negociar com os envolvidos. Um membro das forças especiais disse, em declarações ao portal Infowakat, do Burkina Faso, que os revoltosos queriam “um verdadeiro chefe de guerra que liberte o país”.

A mobilização dos soldados ocorreu após uma explosão nas proximidades do aeroporto da capital, enquanto testemunhas citadas pela revista Jeune Afrique indicaram que os tiros também foram disparados perto do Palácio Presidencial e da base Baba Sy, quartel-general do Presidente de transição, Paul-Henri Sandaogo Damiba.

“O chefe de Estado está bem e está em Ouagadougou”, disse uma pessoa próxima do líder da Junta militar, que apelou à calma no país. O porta-voz do Governo, Lionel Bilgo, negou ter sido detido e sublinhou que o primeiro-ministro, Albert Ouédraogo, também não estava detido pelos militares, segundo o portal de notícias Le Faso.

A confusão sobre a situação foi agravada pela instalação de várias barricadas controladas pelos militares em vários pontos da cidade, incluindo em torno do Palácio Presidencial, enquanto um grupo de manifestantes tomou as ruas de Ouagadougou para exigir a renúncia de Damiba e a libertação de Emmanuel Zoungrana, suspeito de planear uma tentativa de golpe de estado antes de Damiba ter assumido o poder.

A Embaixada dos Estados Unidos no Burkina Faso recomendou aos seus cidadãos para “limitarem os seus movimentos” e para se manterem informados pelos media locais, segundo um alerta de segurança publicado no seu site oficial.

O país é controlado por uma Junta militar desde Janeiro deste ano, após o golpe de Damiba contra o então Presidente Roch Marc Christian Kaboré, na sequência de um motim em protesto contra a insegurança e a falta de meios para enfrentar o jihadismo.

O Burkina Faso tem assistido a um aumento significativo da insegurança desde 2015, com ataques realizados por grupos terroristas ligados à Al-Qaeda e ao Daesh, causando uma onda de deslocados internos e de refugiados em direcção a outros países da região.