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Francisca Baptista da Silva: Em países muçulmanos “senti-me menos objetificada do que no ocidente"

Francisca Baptista da Silva trabalha em contextos de conflito ou carência e a monitoriza violações de direitos humanos: “Fala-se muito dos crimes de guerra, agora outra vez por causa da Ucrânia. É isso que fazemos, verificações no terreno em tempo real”, explica. Estudou História e diz que nunca se arrependeu: “Sempre que chego a um contexto diferente, parte do trabalho é analisar o contexto, as forças envolvidas, e a historia é de facto uma boa ferramenta. A História e o Cristiano Ronaldo já me safaram muitas vezes!”

O levantamento de necessidades é outra prioridade no terreno. Salvar vidas, resposta a doenças transmissíveis, saneamento, abrigo, fazer a ligação com as autoridades e a mobilização de recursos. No Congo, deparou-se com o problema da violência sexual em contexto de guerra: “Há uma serie de tabus e de vergonha associada, muitas vezes as mulheres são expulsas da familia.”, relata. “Tratávamos a parte física, a saúde mental e depois todos os nossos esforços” iam no sentido de 'fazer lobby’ com as autoridades, as Nações Unidas, os responsáveis pela reintegração e alertar para estes casos que eram desconhecidos.”

Em certos contextos ser mulher é um desafio, confessa. Existe o medo inerente em cenários onde a violência sexual é quotidiana, depois existem as questões culturais: “Em contextos muçulmanos há uma diferença óbvia - ter de usar o véu ou haver líderes que não falam comigo por ser mulher. Por outro lado, senti-me muito menos objetificada do que em contextos ocidentais.”

Neste episódio de As Mulheres Não Existem, da autoria de Carla Quevedo e Matilde Torres Pereira, falamos também de Jane Addams, conhecida como a “mãe” do trabalho social e de Rachel Keke, a empregada doméstica que chegou a deputada em França. Nas recomendações, destaque para um artigo de Djaimilia Pereira de Almeida no New York Times e para o novo livro de poesia de Cláudia R. Sampaio.

tiago miranda

Todas as semanas, trazemos uma nova convidada para uma conversa exclusiva sobre a sua vida e o percurso profissional - mulheres que são casos individuais e também inspiradores de determinação, curiosidade, inteligência e vontade de arriscar. Vamos também dar a conhecer histórias de mulheres que marcaram a sociedade e foram pioneiras nas suas áreas. Vamos falar das preocupações e reivindicações das mulheres hoje, e das notícias em que as mulheres são protagonistas. E a cada semana vamos trazer novas recomendações de autoras femininas ou em que as mulheres são protagonistas - desde livros, artigos, filmes e exposições a músicas e documentários.

As Mulheres Não Existem é um podcast sobre mulheres para ouvintes de todos os géneros. Pode ouvir e seguir os episódios em todas as plataformas de podcast e no site do Expresso. As Mulheres Não Existem tem o patrocínio do Banco Credibom e piscapisca.pt.

tiago pereira santos

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