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Meloni e os “fratelli”

Georgia Meloni ganhou. A vencedora lidera um partido tido por ser de extrema-direita e candidatou-se em coligação pré-anunciada com os agrupamentos políticos de Berlusconi e de Salvini. Foi a mais votada, vai ser primeira-ministra. Antes ela que os outros dois. Os “fratelli” de governo. Supostos amigos de Putin.

O seu cepticismo inicial em relação ao projecto europeu justificava preocupações na União Europeia. De tal forma que esta, de imediato, veio a terreiro anunciar “esperar cooperação construtiva com as novas autoridades italianas”. O célere apoio à causa ucraniana por parte da indigitada desanuviou o ambiente.

Antes, no discurso de vitória, Meloni diria: “Os resultados das eleições deram um sinal claro de que os italianos querem um governo de centro-direita...”. O partido é uma coisa, o governo outra. E sendo a própria a anunciá-lo amenizará os receios dos que terão de lidar com o novo executivo transalpino. As posições a extremar pontualmente serão mais a nível interno do que externo.

O discurso de Georgia em relação à questão europeia moderou-se ao longo dos tempos. Creio que o exercício governativo e a dialética com Bruxelas farão com que esta república fundadora da UE se junte rapidamente e sem hesitações às difíceis batalhas que no centro do Velho Continente estão a ser travadas. A recuperação económica pós-pandémica e actual, com inflação instalada e recessão à vista e a guerra na Ucrânia.

Tendo a Itália das maiores dívidas públicas da Europa, com juros a subir depois desta eleição e a ficar perto dos 4%, não custa acreditar que surjam entendimentos profícuos para o futuro. A inteligência e o pragmatismo recomendam. E os mercados também. Particularmente o financeiro.