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Milionário fez festa para queimar desenho de Frida Khalo em plena febre NFT

Autoridades mexicanas estão a investigar autenticidade da obra, de cujo original o milionário mexicano era de facto proprietário. Martin Mobarak diz ter destruído o desenho para que ele possa apenas viver em versão digital e entregar o seu valor para beneficência.

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"Fantasmones siniestros" DR

O Instituto Nacional das Belas Artes e Literatura (INBAL) do México está a investigar se o milionário Martin Mobarak queimou mesmo um desenho original de Frida Kahlo para o tornar em 10 mil NFT. Do desenho, parte do diário da pintora, constam as palavras “fantasmones siniestros” e foi por esse título que ficou conhecida a obra avaliada, segundo o diário espanhol El País, em 10 milhões de euros.

O objectivo de Mobarak é converter cada um dos pedaços incinerados em dez mil obras digitais e vendê-las como criptoarte — ou NFT, sigla para non-fungible tokens e que representa uma forma de registar para sempre a propriedade deu coleccionável ou obra. Para além do valor-choque desta acção, o projecto do milionário mexicano (que tem nome e site, Frida.NFT) destina-se a partilhar e a criar donativos a partir destes milhares de pedacinhos NFT, que, escreve, têm o poder de crescer “na eternidade”.

Isto porque a queima gerará fundos, diz o proprietário da obra, que a detém desde 2015. Beneficiários desses fundos: entidades ligadas à saúde infantil, a Casa Museu Frida Kahlo, e a escola e palácios de belas artes mexicanos, entre outros destinatários de uma obra que quer que seja de beneficência. Mobarak intitula-se, na sua página da rede social profissional LinkedIn, como “visionário”, “transformador NFT”, “líder filantrópico” e “alquimista de arte” — este último epíteto profissional é explicado no texto da sua apresentação, dizendo que “transforma arte física em ouro digital”.

A alegada destruição da obra terá ocorrido em Miami, nos EUA, a 30 de Julho e só agora começou a ser conhecida através da imprensa mexicana. Martin Mobarak, cita o El Pais, admite que a queima do desenho é algo “forte” e que pode ser “mal interpretada” mas argumenta que assim a artista já sobejamente conhecida pode atingir a “imortalização”. No site do Frida.NFT, é eufemisticamente descrita a destruição da obra da seguinte forma: “a pintura foi permanentemente transitada para o Metaverso a 30 de Julho de 2022”.

É nesse site, e no YouTube (com 4800 visualizações na altura da publicação desta notícia), que se mostra o momento em que a alegada obra arde. Esta, segundo Mobarak, foi autenticada dois dias antes e entregue a uma empresa certificada que lha entregou em mãos perante mais de 200 convidados num evento à beira da piscina com passagem de modelos incluída. Sob aplausos e uivos entusiásticos, e com a música Cielito Lindo (Canta y no Llores) em fundo, o desenho arde sobre um copo cheio de pedras turquesa.

A agência de notícias espanhola EFE diz que o INBAL está a recolher “toda a informação necessária para estabelecer com certeza” que foi mesmo o original de Kahlo que foi destruído e atenta que toda a obra de Frida está classificada como monumento artístico nacional, sendo a sua destruição deliberada um crime. O INBAL nega em comunicado que irá receber donativos oriundos desta suposta acção.

Mobarak é visto no vídeo a desaparafusar a moldura que protegia o desenho, que terá sido digitalizado na frente e verso. O desenho de pequenas dimensões inclui, no verso, as palavras “Cromóforo” e “Auxocromo”, que a artista mexicana usava para se descrever e ao seu companheiro, o artista Diego Rivera.