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Primárias da Califórnia refletem desgaste do progressismo nos EUA?

Primárias da Califórnia refletem desgaste do progressismo nos EUA?

A rejeição de candidatos progressistas em algumas disputas eleitorais está sendo vista como um motivo para que os democratas mudem sua política para apoiar mais a polícia - AFP/Arquivos

Os eleitores da Califórnia deram um aparente voto de protesto esta semana para o progressismo político ao destituir um promotor liberal em San Francisco e conceder a um ex-republicano da ala dura contra o crime a oportunidade de se tornar prefeito de Los Angeles.

Esses dois redutos, que estão entre os mais voltados à esquerda nos Estados Unidos, aparentemente manifestaram a seus líderes um cansaço de políticas que não conseguem impedir o aumento da criminalidade e o número cada vez maior de pessoas sem-teto.

Além disso, alguns argumentam que, como esse tipo de política não está funcionando na costa oeste tradicionalmente progressista, não funcionará em nenhuma parte.

“A destituição de Chesa Boudin da noite para o dia é um momento decisivo”, tuitou o colunista do Washington Post, James Hohman, ao se referir ao promotor-chefe de San Francisco, destituído do cargo na terça-feira (7) por ampla maioria de votos.

“Não é só a rejeição a uma pessoa [promotor distrital]. É o repúdio a uma abordagem fracassada e complacente com o crime, o que torna nossas cidades menos seguras”, disse Hohman.

O desempenho do magnata do setor imobiliário Rick Caruso nas eleições à prefeitura de Los Angeles também vem sendo anunciado como um sinal de rejeição ao progressismo.

Caruso investiu mais de 40 milhões de dólares do próprio bolso na campanha das primárias, focando exclusivamente no combate ao crime com mais policiais e na eliminação dos acampamentos de sem-teto que proliferam nas ruas da cidade.

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Até esta quarta-feira (8), Caruso tinha entre 42% e 37% de vantagem nas pesquisas sobre sua rival mais próxima e incondicional do Partido Democrata, Karen Bass. Ambos disputarão em novembro a prefeitura da segunda maior cidade dos Estados Unidos.

Esses resultados ocorrem após a eleição no ano passado de Eric Adams para prefeito de Nova York, um político de tendência democrata que foi recompensando nas urnas por sua ênfase nos problemas de segurança e habitacionais.

O Partido Democrata parece estar tomando nota, já que o presidente Joe Biden reconheceu na quarta-feira que o crime era um grande problema para o eleitorado antes das eleições legislativas de meio de mandato em novembro.

“Os eleitores enviaram um mensagem clara ontem [terça] à noite. Ambos os partidos têm que adotar medidas contra o crime e a violência armada”, disse Biden aos jornalistas.

– Contraponto –

Apesar da derrota de Boudin e do desempenho da campanha de Caruso, outros resultados no restante do estado sugerem que a Califórnia não vai abandonar suas políticas progressistas.

O xerife do condado de Los Angeles, Alex Villanueva, um reformador que recentemente se dedicou a fustigar os progressistas e criticar a esquerda mais militante, parece ter sofrido um duro golpe eleitoral na quarta-feira.

De acordo com a apuração em andamento, ele caminha para o segundo turno em novembro, apesar de contar com a vantagem de ocupar o cargo e enfrentar um cenário altamente fragmentado, com oito desafiantes.

A disputa pelo cargo de procurador-geral do estado também oferece um contraponto.

O titular Rob Bonta conquistou um fácil primeiro lugar depois de promover seu histórico e suas ambições reformistas, o mesmo tema que os críticos afirmam ter afundado a campanha de Boudin.

Por isso, é questionável a ideia de que a derrota de Boudin seja uma derrota do progressismo.

“Existem nuances. [Os eleitores] estão dizendo: ‘Não queremos retirar o financiamento da polícia, queremos apenas ter policiais que não agridam as pessoas e não violem seus diretos'”, disse o veterano consultor democrata John Whitehurst ao jornal San Francisco Chronicle.

San Francisco provavelmente continuará sendo um bastião do progressismo e muitos que votaram contra Boudin admitem que esta rejeição se deve mais a seu perfil do que ao conteúdo de sua política. Filho de militantes de extrema-esquerda condenados pela morte de dois policiais durante um assalto em 1981, Boudin trabalhou durante um tempo como tradutor do presidente venezuelano Hugo Chávez, antes de se tornar advogado.