Mário Ferreira anunciou o lançamento da oferta pública de aquisição (OPA) sobre as participações da Media Capital que não detém. É uma decorrência de uma obrigação ditada pela Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, sendo que as regras de mercado estabelecem que a Pluris Investments, detida pelo empresário, terá de pagar, pelo menos, 0,67 euros por cada ação - este é o valor mínimo, o preço efetivo está a ser determinado por um auditor independente. Seja como for, é uma contrapartida bastante superior à que desembolsou para, em maio, comprar 30,22% da empresa.
O dono da Douro Azul tinha até esta quarta-feira para lançar o anúncio da oferta de aquisição sobre a Media Capital, por determinação do regulador dos mercados, e esse anúncio chegou ao início da noite. Fica sob esta oferta um total de 69,78% da Media Capital, percentagem que abrange não só os acionistas que adquiriram a posição da Prisa (Triun, CIN, Cristina Ferreira, que, com Mário Ferreira, propuseram a nova administração por si liderada, entre outros) como os antigos acionistas (Abanca, e outros).
"A contrapartida oferecida pelas ações objeto da oferta, a pagar em numerário, será a que resultar da determinação do auditor independente acrescida de 2% (dois por cento), desde que não inferior a € 0,67 (sessenta e sete cêntimos) caso em que será este o valor da contrapartida", indica o anúncio publicado na CMVM.
Este preço é o que foi pago pelos novos acionistas à Prisa, pelo que é o preço de referência na nova OPA. Se o auditor independente que está a determinar o preço da Media Capital chegar a um valor inferior, Mário Ferreira terá sempre de pagar 0,67 euros pelas ações. Se for superior, terá de pagar sempre 2% acima desse valor. Isto porque a sua sociedade Pluris está a lançar uma OPA concorrente à da Cofina, que propôs um preço de 0,415 euros (valor que pode ser alterado, então, pelo auditor independente).
O preço que Mário Ferreira está obrigado a respeitar (no mínimo) fixa-se 63% acima dos cerca de 0,411 euros que gastou quando, em maio, entrou na Media Capital com a compra de 30% à Prisa. Nessa altura, pagou 10,5 milhões por cada título. Agora, se todos os acionistas sob OPA quisessem vender, teria de desembolsar praticamente 40 milhões de euros.
Numa outra conta, se apenas os antigos acionistas (Abanca e minoritários, como Miguel Pais do Amaral) vendessem, o encargo seria de 3 milhões de euros.
Autorizações da ERC e Concorrência
Para esta operação, o acionista precisa "das autorizações regulatórias aplicáveis em matéria de controlo de concentrações e aquisição de domínio", a cargo da Autoridade da Concorrência e da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, com que tem mantido uma tensa relação (a sua entrada na empresa está, aliás, sob um processo de contraordenação).
Para este tipo de operação, é sempre preciso um banco para dar assistência, mas "não é ainda indicado o intermediário financeiro" no anúncio da OPA.
Em comunicado às redações, a Pluris diz que, com esta OPA, "entende estar a agir contra a incerteza e a instabilidade que têm revestido o processo de recuperação da Media Capital, que ontem conheceu um importante marco". "Com esta operação, transparente e aberta ao mercado, defendemos e protegemos da incerteza milhares de postos de trabalho e um projeto comunicacional da maior relevância para a sociedade portuguesa", continua - já ontem tinha dito que a deliberação da ERC que visava impedir a assembleia-geral de nomeação da nova administração punha em causa o seu projeto e os mais de mil trabalhadores do grupo.