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Blue Zone: cidade brasileira busca título de mais longeva; veja os 9 hábitos para chegar aos 100 anos

Veranópolis tem uma alta expectativa de vida, e seus habitantes são acompanhados há quase três décadas para desvendar o envelhecimento saudável

Uma nova minissérie documental que busca desvendar os caminhos para uma vida não apenas longeva, mas com saúde, passou a fazer parte do catálogo da Netflix. Em “Como Viver até os 100: Os Segredos das Zonas Azuis”, o espectador acompanha o jornalista Dan Buettner nas regiões do planeta que receberam o título de Blue Zones – locais onde as pessoas vivem por mais tempo do que a média e com qualidade. Mas afinal, quais são os fatores que garantem um envelhecimento saudável? E há lugares com essas características no Brasil?

O conceito das Blue Zones (Zonas Azuis, em tradução livre) surgiu ainda no início dos anos 2000 quando Buettner viajou pelo mundo em busca dos lugares que apresentavam uma alta longevidade. O resultado foram cinco regiões em pontos diferentes do globo: Okinawa (Japão); Sardenha (Itália); Nicoya (Costa Rica); Icária (Grécia) e Loma Linda (Califórnia, nos Estados Unidos).

Distantes geograficamente, as localidades compartilham estilos de vida que vão desde atividade física e alimentação à base de plantas até vivências em comunidade, espiritualidade e com um senso de propósito. Esse conjunto de características, porém, pode ser observado também em outros lugares, inclusive no Brasil.

— Aqui, nós temos uma cidade onde é feito um estudo científico grande, que é Veranópolis, no Sul. Ela tem uma alta expectativa de vida, assim como as Blue Zones, e são feitas pesquisas muito sérias para acompanhar essa população e entender o perfil de saúde ao longo dos anos — conta a diretora científica da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Ana Cristina Cânedo, médica da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj).

Não à toa, a pequena cidade na Serra gaúcha conhecida como “Terra da Longevidade”, de apenas 24 mil moradores, recebeu no fim do ano passado representantes da iniciativa Blue Zones para conhecer o município e avaliar a possibilidade de incluí-lo nos exemplos internacionais de envelhecimento saudável.

— É uma cidade que não tem planos, são muitos altos e baixos, então a atividade física é alta. Os alimentos são muito pouco industrializados, o que é muito importante. E lá eles têm muitos encontros sociais, geralmente ligados à espiritualidade. É um estilo de vida que vemos nas outras Blue Zones. E nós sabemos que o que faz a grande diferença na longevidade são os hábitos — afirma João Senger, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Feevale e diretor do centro de estudos em envelhecimento Instituto Moriguchi.

Os especialistas afirmam que apenas cerca de 25% da forma como se envelhece é influenciada pela genética, e os outros 75% associados, à forma como se vive. Para entender a fundo esses hábitos em Veranópolis, o Instituto Moriguchi foi fundado nos anos 90 e conduz na cidade o acompanhamento mais antigo sobre envelhecimento do Brasil, de quase três décadas.

— Nosso sonho de colocar Veranópolis como uma Blue Zone não é tão simples porque são vários critérios. Eles analisam todas as publicações científicas sobre a cidade, os dados do IBGE, se de fato há uma proporção de idosos alta. Então claro que seria ótimo termos uma Blue Zone brasileira, mas nós já estamos muito felizes com o tanto de conhecimento adquirido ao longo dessas décadas de observação — diz o diretor.

Até agora, já são dezenas de artigos publicados em revistas científicas conduzidos pelo Instituto com base no acompanhamento de Veranópolis. Mas muito além da cidade, a região Sul do país, no geral, lidera o ranking de lugares com a melhor longevidade entre as cidades brasileiras.

É o que aponta o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil 2022, elaborado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas do Brasil (Pnud Brasil), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela Fundação João Pinheiro (FJP).

Com base na análise do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal de Longevidade (IDH-M Longevidade), o levantamento mostrou que 10 cidades de Santa Catarina são as que têm as maiores pontuações sobre envelhecimento saudável no país: Balneário Camboriú; Rio do Sul; Blumenau; Brusque; Rancho Queimado; Rio do Oeste; Joaçaba; Iomerê; Porto União e Nova Trento.

— A ciência da longevidade está ganhando cada vez mais atenção porque o mundo está envelhecendo. Em 2050, a pirâmide etária vai estar invertida, vamos ter mais idosos do que jovens — diz a médica geriatra do Hospital São Vicente de Paulo, no Rio de Janeiro, Alessandra Ferrarese, que pondera: — Mas ainda estamos engatinhando. Precisamos escutar mais os idosos, combater o etarismo e melhorar a qualidade do envelhecer.