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Ibovespa fecha em forte queda e volta aos 101 mil pontos com incertezas sobre arcabouço fiscal

O principal índice do mercado de ações brasileiro recuou 1,77%, aos 101.882 pontos; movimento também reflete realização de lucros após cinco altas consecutivas.
Por g1

Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou a sessão desta sexta-feira (31) em forte queda. Apesar de o recuo refletir, em parte, um movimento de realização de lucros após os cinco dias consecutivos de alta marcados pelo índice, analistas afirmam que também há novos questionamentos do mercado a respeito do arcabouço fiscal anunciado pelo governo federal na véspera.

Ao final da sessão, o índice recuou 1,77%, aos 101.882 pontos. Veja mais cotações.

Na véspera, o índice teve alta de 1,89%, aos 103.713 pontos. Apesar do resultado de hoje, o Ibovespa conseguiu fechar a semana com uma alta acumulada de 3,09%. No mês e no ano, no entanto, ainda tem perdas de 2,91% e 7,16%, respectivamente.

O que está mexendo com os mercados?

O Ibovespa passou o dia focado em movimentos internos, com realização de lucros após cinco altas consecutivas. Além disso, os agentes de mercado ainda repercutem os detalhes do novo arcabouço fiscal brasileiro.

Segundo analistas, apesar de as novas regras terem sido bem recebidas pelo mercado em um primeiro momento, dúvidas foram levantadas pelos investidores – e também acabaram influenciando no movimento de queda do Ibovespa nesta sexta.

“Acho que a preocupação ainda é com o arcabouço fiscal. Não tanto com relação às despesas, que estão bem mapeadas no plano, mas a questão está em entender como as receitas vão subir para fazer com que esse superávit seja atingido”, disse o economista e sócio fundador da Consultoria Sarfin, Bruno Mori.

Segundo a equipe econômica, o governo pretende zerar o déficit público no ano que vem e mirar um superávit primário (receitas maiores que despesas) já em 2025.

“Alguns pontos ainda estão um pouco nebulosos nesse arcabouço, o próprio piso para investimento, por exemplo, a gente não sabe exatamente como vai funcionar. Então ainda tem uma incerteza no radar, mas também é bastante um movimento de ajuste”, afirmou o economista da Guide Investimentos Rafael Pacheco.

A proposta para substituir o teto de gastos foi apresentada pelo governo federal nesta quinta-feira (30) e tem como principal objetivo controlar o gasto público e sair do vermelho, sem tirar dinheiro das áreas que considera essenciais, como saúde, educação e segurança. Além disso, as novas regras também devem garantir recursos para investir em obras e projetos que ajudem a economia a crescer.

A reportagem do g1 consultou economistas para que avaliassem o potencial da regra fiscal em atingir seus objetivos. Os especialistas veem com bons olhos o novo marco fiscal, mas apontam alguns desafios.

“Sem entrar no tecnicismo da regra, ela tem dividido os analistas, mas nossa visão é que um limite das despesas por meio da receita passada pode ajudar a conter gastos excessivos”, disse a equipe da Guide Investimentos em nota a clientes.

Além disso, outro ponto que também influenciou na cotação do Ibovespa nesta sexta foi o movimento de realização de lucros do índice, após cinco pregões consecutivos de alta.

“Tivemos muita volatilidade nesta semana e o mês de março foi de queda. Vimos variações bruscas em papéis específicos, mas o que temos hoje é a liquidação parcial das posições que foram montadas ao longo dos últimos dois dias, com muita gente querendo colocar o ganho no bolso”, explicou o chefe de análise de ações da Órama, Phil Soares.

Ainda na agenda doméstica, o foco também recai sobre os novos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta sexta-feira (31) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontaram uma alta na taxa de desemprego, a 8,6%, no trimestre móvel terminado em fevereiro.

Já nos Estados Unidos, todos seguem de olho no rumo das taxas de juros definidas pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Entre os indicadores que influenciam a decisão, o Departamento de Comércio dos EUA informou nesta sexta-feira que o índice PCE de inflação subiu 0,3% no mês passado, depois de acelerar 0,6% em janeiro. Nos 12 meses até fevereiro, o PCE acumula alta de 5,0%, após 5,3% em janeiro.

Excluindo os componentes voláteis de alimentos e energia, o índice de preços do PCE subiu 0,3%, de 0,5% em janeiro. O chamado núcleo do índice de preços avançou 4,6% na comparação anual em fevereiro, de alta de 4,7% em janeiro. O Fed acompanha o índice PCE para sua meta de inflação de 2%.

Já os gastos do consumidor, que respondem por mais de dois terços da atividade econômica dos EUA, aumentaram 0,2% no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam que os gastos do consumidor subiriam 0,3%.

O estresse do mercado financeiro após o recente colapso de dois bancos regionais ampliou o risco de uma recessão ainda este ano. Os bancos apertaram os padrões de empréstimo, o que pode dificultar o acesso das famílias ao crédito, pesando na demanda.