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SP registra 15% mais mortes até outubro de 2022 do que no mesmo período de 2019; problemas cardíacos e septicemia têm alta

Levantamento realizado pela Arpen-SP, associação responsável pelos cartórios do estado, mostra que diabetes e câncer também estão entre as causas de morte que mais cresceram no estado. Para a cardiologista do Hospital Sírio-Libanês, Roberta Saretta, há uma relação direta entre o aumento desses indicadores e o cenário de pandemia vivido desde 2020.

Por Renata Bitar, g1 SP — São Paulo

O estado de São Paulo registrou 305.279 óbitos de janeiro a outubro deste ano, um aumento de 14,8% em relação ao mesmo período de 2019, antes da pandemia de Covid.

Um levantamento realizado pela Arpen-SP (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Estado de São Paulo), responsável pelos cartórios paulistas, mostra que eventos cardiovascularessepticemia (infecção generalizada ou infecção na corrente sanguínea) e outras doenças, como diabetes e câncer, foram as causas de morte que mais cresceram no território estadual em comparação com o período pré-pandêmico.

  • Eventos cardiovasculares (Infarto + Acidente Vascular Cerebral + inespecíficos): saíram da faixa dos 58,5 mil óbitos para os 68 mil;
  • Septicemia: passou dos 32,1 mil óbitos para 36,4 mil;
  • Demais doenças: foram dos 91,3 mil óbitos para os 100,3 mil.

Para a cardiologista do Hospital Sírio-Libanês, Roberta Saretta, há uma relação direta entre o aumento desses indicadores e o cenário de pandemia vivido desde 2020.

“O que aconteceu foi que a prioridade se tornou, obviamente, o tratamento do vírus. E pacientes que são metabólicos, hipertensos, diabéticos, tabagistas, eles deixaram de fazer atividades físicas, de passar com o cardiologista regularmente e de fazer o check-up anual”, analisou a médica.

“Quando a gente está vivendo uma pandemia, a gente pensa que essa população, que era uma população de risco, ficou dentro de casa, e aí quando junta o estresse, o sedentarismo, a solidão, a depressão, o aumento da ingesta de bebida alcoólica, aumento de cigarro, a falta de segmento clínico/médico/ambulatorial periódico, o ganho de peso, o descontrole de todos esses fatores de risco aumenta o risco de eventos cardiovasculares”, afirmou.

Segundo a especialista, quando houve uma melhora nos indicadores da pandemia, os pacientes do chamado “grupo de risco” – que têm a imunidade comprometida e são propensos a pegar infecções – voltaram a se sentir seguros para procurar atendimento em hospitais, ambulatórios e postos de saúde, assim como para realizar exames em laboratórios. Então, notou-se uma “demanda represada” de pessoas que ficaram desassistidas no período mais restrito da Covid.

“Eu acho que parte dessa população deixou de ser assistida adequadamente, algo que a gente faria rotineiramente antes da pandemia. Então, ele (paciente) passaria no seu cardiologista, faria a prevenção e talvez a gente evitasse um evento”, avaliou a médica.