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“Todo Sahel pode cair sob influência russa”, diz Mohamed Bazoum

O Presidente deposto do Níger, Mohamed Bazoum, detido desde a semana passada num golpe militar, alertou quinta-feira que, caso a junta militar permaneça no poder, “toda a região pode cair sob a influência russa”.

“Com um convite aberto dos conspiradores e dos seus aliados regionais, toda a região central do Sahel pode cair sob influência russa por meio do grupo Wagner, cujo terrorismo brutal foi claramente visto na Ucrânia”, escreveu Bazoum.

Num artigo de opinião publicado no jornal norte-americano The Washington Post, Mohamed Bazoum pediu a ajuda dos Estados Unidos e da comunidade internacional para “restaurar a ordem constitucional”.

O líder deposto criticou o Mali e Burkina Faso, países vizinhos do Níger, por “apoiarem o golpe ilegal” e acusou-os de utilizar mercenários do grupo paramilitar russo Wagner “às custas da dignidade e dos direitos dos seus cidadãos”.

O chefe de Estado defendeu o historial do seu governo, deposto a 26 de Julho, e garantiu que o país, assolado por ataques de grupos ligados ao Estado Islâmico e à Al-Qaida, estava mais seguro do que em qualquer outro momento nos últimos 15 anos.

Bazoum lembrou as sanções económicas impostas ao Níger pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental e disse que “essas medidas já mostram como seria um futuro sob uma junta autocrática sem visão e sem aliados confiáveis”.

“O preço do arroz subiu 40% entre domingo e terça-feira, e alguns bairros começaram a relatar escassez de produtos e electricidade”, lamentou o chefe de Estado do Níger, um dos países mais pobres do mundo.

Horas antes, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tinha apelado à “libertação imediata” de Bazoum e “à preservação da democracia duramente conquistada pelo Níger”, numa declaração emitida no 63º aniversário da independência do país da África Ocidental.

Os Estados Unidos ordenaram quarta-feira a retirada do pessoal não essencial e reduziu ao mínimo as actividades da embaixada norte-americana em Niamey, na sequência do golpe de Estado, sublinhando que só pode intervir em situações de emergência.

Actualmente, os EUA têm cerca de 1.100 soldados no Níger dedicados a tarefas de antiterrorismo, vigilância e inteligência, em cooperação com as forças locais.