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Vitória da China na luta contra a pobreza pode inspirar São Tomé e Príncipe

Numa altura em que a República Popular da China celebra o 74º aniversário da sua fundação, o mundo analisa a estratégia adoptada pelo país asiático que permitiu erradicar a pobreza em curto espaço de tempo. Por exemplo, de 2013 a 2020 100 milhões de pessoas saíram da pobreza.

O Téla Nón visitou a cidade de Wuzhou na província de Guangxi no sul da China, e encontrou provas de que o sucesso chinês na luta contra a pobreza, pode ser reproduzido nas sociedades africanas, nomeadamente em São Tomé e Príncipe.

Nascida no meio rural, a cidade de Wuzhou tem clima tropical húmido, igual a de São Tomé e Príncipe. Culturas tropicais, banana, cana-de-açúcar, e o chá dominam as aldeias dos agricultores. Até jaca é produzido na região. Vários grupos étnicos chineses habitam a província de Guangxi.

Até 2006 as aldeias agrícolas que circundam a cidade de Wuzhou eram um dos principais berços da pobreza extrema. Casas de palha, falta de saneamento básico, inexistência de estrada asfaltada, sem energia eléctrica, agricultores descalços que tinham cavalos como meio de transporte para circular numa região rasgada por montanhas e planaltos. Um nível de pobreza muito mais profundo do que, o que o Téla Nón regista nas zonas rurais de São Tomé e Príncipe.

Desde 2019 que as aldeias com características da era medieval transformaram-se em polos de desenvolvimento sustentável. A parceria entre o governo e as comunidades agrícolas permitiu a infraestruturação de toda a região. Reunidos em cooperativas e com apoio técnico do governo, os agricultores uniram a agricultura e o turismo.

O agroturismo é alimentado pelo património histórico e cultural da região. A ferramentas agrícolas arcaicas, dos tempos passados são preservadas. As técnicas antigas da tecelagem são mantidas para os visitantes conhecerem, e novas técnicas tingem os tecidos que dão forma aos trajos tradicionais das diversas etnias da região de Wuzhou.

As manifestações culturais são mantidas e exibidas. A identidade cultural do povo que habita o sul da China foi preservada para dar vida ao agroturismo. Produtos que acabaram por ser valorizados e rentabilizados com a chegada da Internet. As aldeias agrícolas passaram a ser aldeias digitais.

A produção do chá, da cana de açúcar, da banana e de outros produtos tropicais são comercializados para toda província de Guangxi e para o resto da China por uma rede ‘on-line’ criada pela cooperativa dos agricultores. A pobreza foi derrotada, a parceria entre o governo e as comunidades celebra a vitória e o futuro promissor.

Na visita pelas terras de agricultura tropical de Guangxi, o Téla Nón recordou das potencialidades e muito maiores que a nossa terra tem. As aldeias agrícolas de São Tomé(Roças), têm muito mais para vencer a pobreza através do agroturismo.

Para além do singular património histórico e cultural que tem sido vandalizado, as aldeias agrícolas de São Tomé e Príncipe tinham unidades de artesanato. A cestaria é um deles. Não se usava objectos de plástico nas roças. O cesto para pôr o cacau e outros produtos era produzido através das cordas retiradas das ramas da palmeira de andim. Uma árvore que segundo a sabedoria popular, tudo nela é aproveitável e de forma sustentável.

Dela sai o caroço que produz o melhor óleo para tratamento dos cabelos, e creme para a pele. As folhas servem para fazer a vassoura que no passado limpava e bem as residências. Actualmente são as vassouras de plástico que dominam o país. O fruto, andim, produz o óleo de palma para consumo.

A palmeira tradicional de São Tomé tem UPA, uma camada macia que cobre a parte superior da árvore, que faz um dos melhores colchões que se possa ter memória. O colchão de UPA, trata do corpo e dá descanso ao sono. Já não se vê mais no país. Qualquer turista ficaria encantado depois de uma noite passada sobre um colchão de UPA. Diferente de todos os outros colchões que teria conhecido.

Enorme potencial das ilhas, que pode alimentar o desenvolvimento sustentável do agroturismo.

O Téla Nón, percebeu também que a cestaria poderia ser um artesanato crescente nas aldeias agrícolas de São Tomé, para dar resposta a produção e conservação dos produtos agrícolas, e, ao mesmo tempo, para produção de objectos diversos para o turismo.

A experiência da China em transformar os recursos e o homem em factor de luta contra a pobreza inspira o mundo, e pode despertar São Tomé e Príncipe para a consciencialização de que a vitória sobre a pobreza não vem de fora, mas sim está aqui na nossa terra, e nas nossas mãos.

Abel Veiga