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Combustíveis chegaram através de um “Bilá Kabá” do PM com o AFREXIMBANK

Bilá Kabá é um termo em crioulo fôrro, que pode significar dar a volta ao problema, procurar uma solução alternativa.

«Alertarmos o FMI que estávamos a chegar a uma situação difícil. Não havendo sensibilidade nem resposta do FMI, autorizamos o Banco Central a fazer uma operação de divisas, com o AFREXIMBANK, que é um banco africano, em que colocamos numa conta deles dobras, e eles colocaram no Banco Central dólares», assegurou Patrice Trovoada.

Foi a forma que o primeiro-ministro encontrou para resolver a falta de divisas no país, e para garantir a importação dos produtos, nomeadamente os combustíveis.

O carregamento de combustíveis que foi colocado nas bombas na última sexta-feira, custou cerca de 11 milhões de dólares. Segundo o primeiro-ministro , a operação de divisas que realizou com o AFREXIMBANK está avaliada em 30 milhões de dólares.

«Enquanto não tivermos as reservas cambiais reconstituídas temos esse acordo num montante total de 30 milhões de dólares para garantir a contrapartida em dólares para compra dos combustíveis. Caberá a ENCO(empresa que importa e comercializa os combustíveis) dar-nos as dobras para colocarmos na conta desse banco», sublinhou Patrice Trovoada.

Sem divisas, com muito pouca vontade de trabalhar arduamente para produzir riquezas, e sem receber os donativos financeiros internacionais, São Tomé e Príncipe virou-se para o “Bilá Kabá”.

«Dissemos ao FMI alto aí. Vocês sabem a nossa situação. Não temos divisas, os combustíveis têm de ser pagos. Se vocês não nos darem pelo menos uma carta de conforto para que os parceiros nos possam dar dinheiro, como é que fazemos?», interrogou Patrice Trovoada.

O “Bilá Kabá” acabou por ser a solução, para evitar que São Tomé e Príncipe ficasse paralisado para sempre.

Patrice Trovoada explicou que no início do ano, São Tomé e Príncipe recebeu um donativo de Portugal de 15 milhões de euros. Segundo o chefe do governo, o dinheiro foi aplicado na compra de combustíveis para os primeiros meses do ano. Já acabou, e o FMI foi informado em março último que o arquipélago já não tinha divisas para garantir a próxima importação de combustíveis.

Patrice Trovoada disse que o FMI só permitiu que o país fosse buscar financiamentos para importação de combustíveis nos parceiros bilaterais. No entanto, acrescentou que os parceiros bilaterais também estão concentrados na resolução dos seus problemas macroeconómicos, e sob supervisão do FMI.

A operação financeira feita com o banco pan-africano AFREXIMBANK, foi no limite. «Uma operação no extremo de uma situação em que tínhamos de encontrar divisas para importar em nome da ENCO. A ENCO tinha dito que não tem divisas», pontuou o primeiro-ministro.

O actual cenário económico e financeiro de São Tomé e Príncipe coloca muitas dúvidas sobre a sustentabilidade da importação dos combustíveis. Segundo o governo, o novo carregamento poderá resistir até o mês de setembro próximo. E depois do stock reduzir, haverá divisa para garantir a importação?

Patrice Trovoada disse ao Téla Nón que o seu governo vai trabalhar para garantir a sustentabilidade do processo de importação dos combustíveis.

Enquanto não houver acordo de facilidade de crédito alargado com o FMI, para permitir a recuperação das reservas cambiais, o Bilá Kabá, ou seja, financiamentos alternativos serão accionados para manter o país a funcionar.

Abel Veiga