Sao Tome
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Económica e socialmente bloqueado, há mais de 15 dias

São Tomé e Príncipe é há mais de duas semanas um país sem gasolina, o gasóleo também esgotou. Um país que perdeu energia e vitalidade.

Os taxistas ficaram em casa. Os motoqueiros deixaram de congestionar as ruas da cidade de São Tomé, e as estradas ficaram menos perigosas.

No mar o peixe ganhou sossegado, pelo menos em relação aos pescadores artesanais de São Tomé e Príncipe. Quase todos estão sentados na Praia. Sem gasolina, não há pesca no alto mar.

Os mercados do país ficaram praticamente desertos. As vendedoras de peixe, os horticultores, etc, não têm hipóteses de transportar os produtos para o mercado. Os clientes também não conseguem marchar dos diversos pontos do país até o mercado central de Bobô Fôrro.

A actividade económica e comercial foi estrangulada, exactamente quando tudo ficou mais caro no país, por causa da implementação pela primeira vez do imposto sobre o valor acrescentado(IVA).

O desespero dos são-tomenses é visível nos rotos de centenas de funcionários públicos, proprietários de viaturas, mas que agora andam longa distância a pé, para ir trabalhar, e para regressar a casa.

O cenário de São Tomé nas últimas duas semanas, sem combustíveis é de retrocesso ao século XV, ou pior, porque o país não tem cavalos nem carroças.

Em conversa com o Téla Nón no último sábado, um taxista que deixou de trabalhar por causa da falta da gasolina, disse que só terá comida em casa até terça – feira dia 20 de junho.

«Só vejo uma saída depois de terça-feira. Eu e a minha família vamos sentar na porta do palácio do governo, para nos darem comida», declarou o taxista que garantia o transporte de pessoas entre o hospital Central Ayres de Menezes e o centro da capital.

País que na história de 47 anos independente regista constantes roturas do stock de combustíveis e de produtos alimentares, nunca antes viveu uma situação tão prolongada.

Um navio petroleiro oriundo de Lomé-Togo, para repor o stock de combustíveis, chegou ao país no dia 4 de Ju8nho, mas até hoje ainda não conseguiu fazer a trasfega do produto. O navio continua posicionado na linha de horizonte do mar da cidade de Neves.

No entanto no meio da paralisia das actividades económicas e comerciais, o governo conseguiu convencer a Estação da Voz de América no país a conceder parte do gasóleo que tem no stock, para alimentar a empresa estatal de electricidade a EMAE.

Durante os 15 dias de rotura dos combustíveis, o fornecimento de energia eléctrica tem sido regular na ilha de São Tomé.

Ainda em consequência da concessão do gasóleo da voz de América, o governo anunciou a disponibilização de autocarros gratuitos para a população.

«O Governo vem informar que, devido à crise de combustível que o país tem enfrentado, será posto à disposição da população, a título gratuito, no fim-de-semana, a partir das 08h, autocarros para o transporte de pessoas, com os seguintes itinerários (ida e volta):

S.Catarina/Neves/Cidade Capital

Neves/Cidade Capital

M.Café/Trindade/Cidade Capital

Trindade/Cidade Capital

Guadalupe/Cidade Capital

Micoló/Cidade Capital

Porto Alegre/Cidade Capital

Angolares/Cidade Capital

Igreja Adventista/ Bobô Forro

Bombom/Almas/Riba Mato

Madalena/Cidade Capital

Hospital/Cidade Capital

Praia Gamboa/ Cidade Capital

Praia Gamboa/ L.Nacional

Uba Cabra/Correia/Boa Morte

Ribeira Afonso/ Cidade Capital

Cruzeiro/Obolongo/Cidade Capital

S. Marçal/Cidade Capital

Praia Melão/Cidade Capital

De notar que o último autocarro parte da cidade capital às 17h, sendo que informações adicionais serão disponibilizadas pelos motoristas.

Da mesma forma, para garantir que os produtos agrícolas, pecuários e pesqueiros cheguem aos mercados mais próximos da população, o Governo informa igualmente que será assegurado o transporte dos referidos produtos aos diferentes mercados», refere o comunicado do governo emitido no dia 16 de Junho.

São Tomé e Príncipe não tem transportes públicos. Os autocarros que foram disponibilizados para transporte gratuito da população, fazem parte da frota do transporte escolar, e são geridos pelo Ministério da Educação, Cultura e Ciência.

Abel Veiga