«Não estamos neste momento a libertar mosquitos modificados. Estamos a fazer um estudo pré-intervenção», avisou o gestor de campo da Iniciativa Contra a Malária da Universidade da Califórnia.
Segundo João Pinto, o gestor de campo da iniciativa que desenvolve soluções para eliminação do paludismo através de mosquitos geneticamente modificados, a estratégia que está a ser definida durante 2 anos de estudos ao mosquito que provoca o paludismo, é ambientalmente responsável.
«O mosquito vai permanecer na natureza como sempre esteve, só que vai perder a capacidade de transmitir o micróbio que provoca o paludismo», sublinhou.
Numa palestra com a sociedade civil de São Tomé e Príncipe para apresentação das acções e estudos realizados pelo projecto, João Pinto explicou o procedimento que vai ser executado para transformar o mesmo causador do paludismo, numa espécie não nociva a saúde.
«Vamos trazer a tecnologia de fora, vamos montar a tecnologia em São Tomé e Príncipe. Vamos treinar pessoas, para que elas possam desenvolver o seu próprio mosquito modificado com base no mosquito de São Tomé, e será este mosquito que um dia poderá vir a ser libertado», explicou.
Segundo o gestor de campo da iniciativa Contra a Malária da Universidade da Califórnia, os mosquitos possuem milhares de genes. A tecnologia a ser aplicada vai injectar apenas 2 genes e benéficos.
«Quando este mosquito for libertado ele vai se cruzar com outros mosquitos e vai transmitir os genes benéficos que são dois, e que causam o bloqueio da transmissão do parasita que provoca o paludismo», assegurou.
Os estudos em curso permitiram comprovar que não há riscos associados
«Ainda não conseguimos identificar um risco associado. Já temos estudos feitos com voluntários que foram picados com mosquitos modificados e com mosquitos não modificados e não encontramos diferença», frisou.
Na comunicação com a sociedade civil a Iniciativa Contra a Malária da Universidade da Califórnia fez saber que o estudo com vista a introdução do mosquito geneticamente modificado para eliminar o paludismo, está a acontecer em outras regiões do mundo.
Equipas científicas de outras instituições internacionais já têm estudos avançados no sudeste asiático, em algumas ilhas das Caraíbas, e também no continente africano. João Pinto deu o exemplo da Tanzânia, país africano que anunciou ter lançado na natureza o primeiro mosquito geneticamente modificado. O processo também está avançado no Burrkina – Faso e no Ruanda.
Abel Veiga