Cape Verde
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Conectividade do EllaLink abre novas oportunidades para a criação de negócios digitais

Com a entrada em funcionamento, a partir desta segunda-feira,6, do cabo EllaLink, Cabo Verde passa ter melhores condições para se transformar num Hub Digital, com oportunidades ao nível dos negócios digitais no país. O mesmo vai dar resposta à demanda de tráfego entre a Europa e América Latina, com possibilidade de inclusão do tráfego da CEDEAO, A partir de Cabo Verde  

Foi oficialmente assinalada, ao final da tarde de hoje, num dos hotéis da capital, a entrada em funcionamento do cabo EllaLink. 

As expectativas são grandes no que toca a uma “nova era”, para a transformação digital no país e para a própria descarborização da economia, em curso a nível mundial. Abrindo, assim, novas oportunidades para a criação de negócios digitais. 

Vantagens 

Isto, face as inúmeras vantagens que este cabo de fibra óptica de “última geração”, com maior largura de banda e rapidez, vai trazer para o país, conforme explicou João Domingos Correia, presidente do conselho de administração da CVTelecom.

“A indústria de dados, a realidade aumentada, os jogos online, o 5G, os conteúdos em formato 3D, não se compaginam com a velocidade que o sistema WACS pode disponibilizar”, enumerou para exemplificar as oportunidades de mercado que o EllaLink vai permitir desenvolver. 

Esse responsável destacou ainda que ao abraçar este projecto da ligação ao EllaLink, está-se a criar novas oportunidades de gerar riqueza com foco no sector digital e tecnológico. 

30 milhões financiados pelo BEI

A entrada de Cabo Verde no projecto EllaLink representa um investimento de 30 milhões de dólares e o financiamento foi mobilizado pela CVTelecom junto do Banco Europeu de Investimento (BEI). 

Ricardo Felix, vice-presidente dessa instituição bancária explicou os motivos que levaram o BEI a apoiar mais este projecto em Cabo Verde, colocando a tónica na importância deste projecto do EllaLink para a “transição digital”. O mesmo afirmou ainda que Cabo Verde fica “um pouco mais perto da Europa” e “do mundo”, dado o papel “essencial que a tecnologia representa no mundo”. E o que o EllaLink vai permitir contribuir para a luta na construção de um mundo “mais igual e mais livre”. 

Esse responsável destacou ainda que a pandemia veio mostrar que em África existe um enorme fosso digital, em que, por exemplo, apenas 27% das mulheres africanas têm acesso à internet e que apenas 15% podem pagar a internet. Dados que é preciso combater, através de maior acesso ao mundo digital. 

Nesse contexto lembrou a importância do sector privado na geração de emprego, especialmente neste foco das oportunidades dos negócios digitais, para a “descarbonização da economia”. 

Hub Tecnológico em África – PM 

Também o primeiro-ministro (PM) de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, destacou a importância do projecto EllaLink para o arquipélago, indo de encontro, como diz, à meta do Governo no que toca à transformação digital como um acelerador do desenvolvimento sustentável do país.

“Temos o propósito de posicionar Cabo Verde como um Hub Tecnológico relevante em África e no Atlântico Médio”, começou por dizer”, avançando depois que este novo cabo submarino de fibra óptica de última geração, que liga Cabo Verde à Europa e à América Latina, “é um fator importante para o alcance desse objetivo”.

O mesmo representa, “uma nova era nas telecomunicações e internet em Cabo Verde”, uma vez que vai servir para aumentar “a competitividade do país” e que “responde aos requisitos cada vez mais exigentes da Internet: a conectividade e a velocidade e transmissão de grande quantidade de dados a grandes distâncias”.

Ingredientes

O capital humano, a boa localização geo-estratégica, o facto de sermos um país estável, de baixos riscos políticos e sociais, aliados ao percurso no desenvolvimento das telecomunicações, internet e governança eletrónica, são, no entender do Chefe do Governo “ingredientes” que permitem ambicionar posicionar Cabo Verde como um Hub Digital.

“Com capacidade de atrair investidores de referência, atrair nómadas digitais, exportar serviços, criar oportunidades de empreendedorismo e de emprego qualificado para os jovens e potenciar a centralidade da diáspora. E, aumentar significativamente a contribuição da economia digital no PIB”, destacou.

25% do PIB

Para além da EllaLink, o governante lembrou ainda o cabo regional do sistema SHARE, que liga Dakar à Praia, que “está praticamente finalizado e entrará também brevemente em funcionamento”. 

“Permitirá melhorar consideravelmente a largura de banda total de exportação internacional entre Cabo Verde e Senegal e entre os países vizinhos da África Ocidental”, afirmou.

O chefe do Executivo cabo-verdiano informou ainda que, actualmente, o sector digital deve representar 6% do Produto Interno Bruto (PIB), mas que o objectivo é atingir os 25%. 

Características do cabo

O cabo é constituído por quatro pares de fibra, cada uma com capacidade para 12 terabytes, e interconecta Sines em Portugal, à América Latina, passando, nesta primeira fase, pelo Funchal, na ilha da Madeira e a Praia do Portinho, em Santiago.

Graciano Borges, técnico da CVTelecom afecto ao projecto, explicou que o mesmo vai permitir reduzir a capacidade em termos de latência, um factor essencial para uma melhor conectividade.

“A latência é crucial para o trafego, sobretudo de dados e com este cabo, no meio do Atlântico, conseguimos reduzir a latência em cerca de 40%”.

Em termos de capacidade, o EllaLink é “10 vezes mais do que aquilo que existe neste momento”. Ou seja, “temos um ramal para o Sul para a América Latina que na sua fase final vai ter 12,6 terabytes, o que significaria ter 126 circuitos de 100 gigas cada”. 

Para se ter uma ideia, explicou, neste momento utilizamos apenas 60 gigabytes. “Vejam que 600 gigabytes é cerca de 10 vezes mais aquilo que nós temos”.

Após a primeira fase, o projecto abarcará ainda outros países na nossa sub-região, como Mauritânia, Marrocos (Casablanca), Ilhas Canárias (Tenerife) e mais dois pontos no Brasil e Guiana Francesa (América do Sul).

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