Cape Verde
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Zirkulu – cozinha partilhada que nasce na Praia

Situada no Palmarejo, a Zirkulu – Cook Work é uma cozinha partilhada que surge para acolher empreendedores com um negócio ligado à gastronomia e restauração e que não dispõem de um espaço físico apropriado para preparar os alimentos. Um empreendimento que surge por iniciativa das irmãs Carla e Ronice Palavra as quais, para já, assumem o desafio de fazer com que a Zirkulu seja reconhecida como catalisadora no desenvolvimento de iniciativas empresariais gastronómicas de sucesso na cidade da Praia.

O empreendimento, explica Carla Palavra ao A NAÇÃO, está ligado ao Cook Work. “A ideia consiste em disponibilizar este tipo de cozinha comercial e equipada a micro e pequenos empreendedores que queiram introduzir-se no mercado com uma nova proposta ou que já estejam estabelecido e que operam a partir das suas cozinhas domésticas”, explicaram as duas irmãs, argumentanto que as cozinhas domésticas “nem sempre reúnem as melhores condições de trabalho e, como tal, dificultam a maximização dos seus recursos, bem como a sua capacidade de produção”.

O projecto da “cozinha partilhada”, segundo reiteraram, estava na gaveta desde 2014, mas ganhou alento em 2020, ainda em contexto de pandemia, “com os incontáveis desafios e oportunidades que se apresentaram à pergunta sobre “que outras formas podemos contribuir” e, por isso, olhando para o aumento de ofertas, disponibilizadas através dos serviços de delivery e take away, surgiu a Zirkulu-Cook Work como uma das respostas a essa pergunta, explica a nossa entrevistada.

Apenas em 2021, as duas irmãs e parceiras começaram a materializar o projecto. Logo, diz também, “a Zirkulu é uma construção, uma iniciativa que se pretende viva e ajustável, mediante os caminhos que lhe forem sendo apresentados e os ajustes e melhorias que couberem ser feitos”.

Porquê Zirkulu?
A escolha do nome Zirkulu, segundo a nossa entrevistada, deve-se ao facto de que este “faz alusão ao círculo, um símbolo universal que nos remete a valores de comunidade, conexão e partilha”.

“Mais do que disponibilizar um espaço, temos como principal intenção criar a comunidade Zirkulu onde todos os seus membros possam expandir ou criar novas marcas sem os riscos e os custos associados à implementação de um estabelecimento devidamente licenciado e equipado, cumprindo com todas as regras de segurança sanitária alimentar”, frisa.

Com isso, a Zirkulu tem a missão de apoiar a instalação de empresas do sector gastronómico, oferecendo uma cozinha compartilhada e completamente equipada para a transformação dos seus produtos e a futura comercialização, respeitando sempre as normas de segurança alimentar.

Como ter um espaço para cozinhar na Zirkulu?
A Zirkulu funciona em três períodos diários (de manhã, das 08h até 12h; à tarde, das 13h até 17h; e à noite, das 18h até 22h).

Logo, deve-se fazer uma reserva do espaço conforme o periodo desejado, mediante o pagamento de um valor que poderá ser referente a horas avulsas, pacotes semanais ou mensais, sendo que quanto maior o número de horas previamente reservadas menor o custo. 

“O nosso valor hora começa nos 550 escudos (horário laboral) e 650 (pós laboral e fins de semana)”, explica Carla Palavra.

Workshops para confeccão de receitas
Ainda, na Zirkulu há a oportunidade de participar em Workshops para se aprender a preparar e degustar as receitas confeccionadas durante o período do Workshop.

“Mais do que configurarem um formato de aulas, estes workshops trazem duas propostas chave: a primeira numa vertente mais educativa, que sensibilize e incentiva uma alimentação mais consciente e saudável com temas como alimentação na menopausa ou introdução alimentar para bebés”, através de receitas práticas conduzidas por nutricionistas.

“A segunda proposta é de proporcionar aos participantes um momento prazeroso, que desperte os seus cinco sentidos, oferecendo aprendizagens práticas e estimulando a troca entres os participantes e os facilitadores que poderão ser desde chef’s ou outras pessoas com comprovada experiência na área e que possam trazer as suas perspetivas, dicas e experiências”.

Carla Palavra acrescenta ainda que a Zirkulu disponibiliza aos seus utilizadores condições tais como estações individuais de trabalho fixas ou rotativas, acesso a equipamentos e utensílios variados de cozinha, espaço de armazenamento, endereço comercial e visibilidade através dos diversos canais de divulgação.

Catalisadora de iniciativas gastronómicas de sucesso
Questionada sobre a possibilidade de se ter a Zirkulu noutras localidades e demais ilhas do arquipélago, Carla Palavra mostra-se cautelosa.

“Para já iremos conduzir o nosso foco e a nossa atenção exclusivamente para a Cidade da Praia, que é onde estamos localizados e, ainda assim, não podemos de todo afirmar que dessa água não beberemos”.

Acolher, inspirar, experimentar e evoluir juntos na exploração e na inovação gastronómica são as premissas desta iniciativa, conforme adianta Carla Palavra, afirmando que “é com estes temperos que a Zirkulu pretende emprestar sabor, aroma e cor a quem escolher fazer parte desta comunidade”.

Decididas que se mostram com o seu empreendimento, as duas irmãs e parceiras esperam, daqui a cinco anos, ser uma referência do empreendedorismo gastronómico, tendo em conta o desenvolvimento que o sector vem passando em Cabo Verde, algo interrompido com a covid-19.

Agora que o pior parece ter passado, Carla Palavra adianta que a Zirkulu quer ser vista e reconhecida como catalisadora no desenvolvimento de inúmeras iniciativas empresariais gastronómicas de sucesso na cidade da Praia.
A Zirkulu quer igualmente ser um meio para ajudar a solucionar eventuais desafios nesta área.

“Os desafios são enormes para quem resolve empreender neste sector. Por vezes, falta informação, capacitação, acompanhamento, experiência, noção de negócio, recursos para investir, e é nesse contexto que a Zirkulu pretende nos seus primeiros cinco anos posicionar-se como uma forte parceira para a superação desses desafios, incentivando a formalização e facilitando o crescimento dessas iniciativas”, conclui Carla Palavra.

Publicada na edição semanal do jornal A NAÇÃO, nº 770, de 02 de Junho de 2022

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